Física e História.
O físico e historiador da ciência,
o norte-americano William Taussig Scott (1916-1999)
em seu livro intitulado Erwin Schrödinger: An Introduction to His Writings (University of Massachusetts Press, 1967),
analisa como o físico austríaco Erwin (Rudolf Josef Alexander) Schrödinger (1887-1961; PNF, 1933) comparou os trabalhos de
pesquisa realizados por um físico e por um historiador. Essa comparação é
apresentada por Schrödinger no livro intitulado What is Life? The Physical Aspect of the Living Cell (“Que é a Vida? O
Aspecto Físico da Célula Viva”), publicado pela Cambridge University Press, em 1944. Com
efeito, em um dos escritos desse livro, o de nome On the Peculiarity of the Scientific
World View (“Sobre a Peculiaridade da Visão
Científica do Mundo”), Schrödinger diz que o método
científico, característico do físico, não
é muito diferente do usado por outros pesquisadores, como, por exemplo, o
historiador. Assim, para Schrödinger, a partir de
fatos aceitos como verdadeiros, o historiador procura descrever os
eventos ocorridos no passado. O físico também procura descrever suas
observações e experiências usando os métodos da lógica indutiva e dedutiva;
contudo, como ele tem de corroborar o observado e fazer predições, ele pode
perder certo aspecto do fato observado e, então, seu desejo para a compreensão
do observado é semelhante ao do historiador. Daí, então, Schrödinger considerar a intuição como um aspecto
fundamental do pensamento do físico e do historiador.
O método científico e o
histórico já haviam sido abordados por Schrödinger,
em 1935 [Scientia (Rivista di Scienza) 57, p. 181], no Quelques Remarques au Sujet des
Bases de la
Connaissance Scientifique
(“Algumas Observações sobre as Bases do Conhecimento Humano”), artigo em
que ele diz que o conhecimento do homem sobre qualquer campo depende muito dos
documentos que descrevem as observações e os pensamentos de outros. Daí a
necessidade de serem escritos livros, artigos, bem como a realização de
seminários, conferências etc., para que os pesquisadores possam conversar entre
si. Ele também afirmou que toda a ciência é baseada na aceitação de que, embora
certas hipóteses sejam “cientificamente” testadas, elas poderão ser falsas. (Scott,
op. cit.).
Concluindo este verbete, é
oportuno registrar o papel representado pelo famoso Círculo de Viena (“Wiener Kreis”), criado informalmente, em 1922, na Universidade de Viena, com destaque para
os filósofos, os alemães Moritz Schlick
(1882-1936) e Rudolf Carnap (1891-1970) e os
austríacos Ludwig (Joseph Johann) Wittgenstein (1889-1951) e Sir Karl Raymond
Popper (1902-1994), cuja tese central
é a de que o conhecimento científico era baseado nas regularidades
observacionais.
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